quarta-feira, 10 de setembro de 2008

subindo a oscar

isso aconteceu mais ou menos no período em que eu tinha por hábito usar roupas escuras, especialmente pretas, sabe como é, preto emagrece mas dieta que é bom...

bem, estávamos saindo de uma festa qualquer, da qual não se guardou memória alguma, pro bem de quem estava na tal festa, e decidimos rachar um táxi até as casas dos que ali estavam, que moravam relativamente perto uns dos outros, pertos o suficiente pra rachar um táxi porém longe o suficiente pra não existirem visitas a pé da minha parte, que sempre preferi roupas pretas pra emagrecer a sacrificar o churrasco gordo. estávamos quem? e decidimos quem? na verdade soa meio irrelevante agora, a história fica melhor quando os outros presentes estão na mesma mesa de bar lembrando do tempo em que se rachavam táxis até as casas que eram mais ou menos próximas umas das outras. o que importa realmente é o caminho que o táxi fazia, subindo a oscar - pereira, avenida aqui da cidade - uma longa avenida que somava uma curva bem acentuada na subida com uma acentuada subida na curva, fazendo com que os carros que passam ali, subindo, tomem um fôlego extra depois de passar pelas barbaridades do trânsito confuso, o que deve deixar os carros exaustos.

sendo uma saída de festa e não sendo aniversário de criança, devo dizer que devia ser algo em torno das cinco da manhã, e que logo após a subida e curva terminarem já lá em cima e mesmo um pouco antes, boa parte da necrópole da metrópole se concentra; e mesmo tendo passado por ali milhares de vezes no tempo todo em que morei lá embaixo na oscar passando toda essa conjugação de cemitérios, subida, curva, condomínios e postos de gasolina - inclusive um chamado jumbo que portava um elefante de metal construído com escapamentos de veículos no qual infelizmente jamais tirei uma foto - jamais quantifiquei o número de cemitérios ali, não sei bem porquê.

ah, sei sim. é que eu tenho uma coisa chamada vida.

de toda forma, o táxi ia subindo e fazendo a curva comigo no banco da frente, dado que de emagrecer eu só usava roupa escura mesmo, quando eu disse pro condutor que eu desceria "ali mesmo, logo passando a subida da oscar", a curva terminou a subida se completou e adentramos a melhor vizinhança da cidade: os cemitérios. jamais fiquei sabendo de alguém ali que reclamasse do barulho, ou de qualquer coisa. e exatamente no meio da avenida, ladeada por dois dos maiores condominios de presunto da região, me deu um estalo e eu falei pro motorista que era ali que morava.

o táxi foi desacelerando enquanto eu notava a cabeça do taxista virando devagarinho na minha direção, as mãos ficando frouxas no volante, parecendo que até o rádio tinha reduzido a intensidade do som voluntariamente, e dei por mim estar pálido de tanata ceva, todo de preto e com cara de maluco. a coisa toda se armou mais rápido no ambiente que na minha mente, e agora o estrago estava feito.

virando pro taxista, sorrindo, condescendente, expliquei que não passava de troça, ao que tudo se normalizou, com os outros rindo ali no banco de trás, o táxi retomando velocidade e passando pelo posto de gasolina com o elefante de metal que não existe mais - eu não tirei fotos ali, tudo isso aconteceu na era mesozóica onde não havia tantas câmeras digitais como hoje em dia - e ainda mais lá na frente indiquei meu real endereço, separei o dinheiro, pouco que tinha, quase irrelevante, e com a dificuldade que usar preto pra emagrecer proporciona me desvencilhei do cinto de segurança e desci me despedindo de todos ali atrás e do condutor como costumo fazer "obrigado, boa noite, bom serviço".

evidente que não me aguentei e deixei um "mas da próxima vez pode ser verdade. abre o olho, motóra".